sábado, 5 de dezembro de 2015

Daniel Porto Carreiro Gonzaga do Nascimento, ou simplesmente Daniel Gonzaga (Rio de Janeiro, 27 de fevereiro de 1975) é um cantor, compositor e instrumentista brasileiro, filho de Gonzaguinha e neto de Luiz Gonzaga.




GONZAGUINHA

Gonzaguinha era filho adotivo[2] do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga e de Odaleia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil.[3]

Compôs a primeira canção "Lembranças da Primavera" aos 14 anos, e em 1961, com 16 anos, foi morar em Cocotá com o pai para estudar. Voltou para o Rio de Janeiro para estudar Economia, pela Universidade Cândido Mendes. Na casa do psiquiatra Aluízio Porto Carrero conheceu e se tornou amigo de Ivan Lins. Conheceu também a primeira mulher, Ângela, com quem teve 2 filhos: Daniel e Fernanda. Teve depois uma filha com a atriz Sandra Pêra, a atriz e cantora Amora Pêra. Foi nessa convivência na casa do psiquiatra, que fundou o Movimento Artístico Universitário (MAU), com Aldir Blanc, Ivan Lins, Márcio Proença, Paulo Emílio e César Costa Filho. Tal movimento teve importante papel na música popular do Brasil nos anos 70 e em 1971 resultou no programa na TV Globo Som Livre Exportação.
Característico pela postura de crítica à ditadura, submeteu-se ao DOPS. Assim, das 72 canções mostradas, 54 foram censuradas, entre as quais o primeiro sucesso, Comportamento Geral. Neste início de carreira, a apresentação agressiva e pouco agradável aos olhos dos meios de comunicação lhe valeram o apelido de "cantor rancor", com canções ásperas, como Piada infeliz e Erva. Com o começo da abertura política, na segunda metade da década de 1970, começou a modificar o discurso e a compor canções de tom mais aprazível para o público da época, como Começaria tudo outra vez, Explode Coração, Grito de alerta e O que é o que é, e também temas de reggae, como Nem o pobre nem o rei.
As composições foram gravadas por muitos dos grandes intérpretes da MPB, como Maria Bethânia, Zizi Possi, Simone, Elis Regina(Redescobrir ou Ciranda de Pedra), Fagner, e Joanna. Dentre estas, destaca-se Simone com os grandes sucessos de Sangrando, Mulher, e daí e Começaria tudo outra vez, Da maior liberdade, É, Petúnia Resedá.
Em 1975 dispensou os empresários e se tornou um artista independente, o que fez em 1986 fundar o selo Moleque, pelo qual chegou a gravar dois trabalhos.
Nos últimos doze anos de vida, Gonzaguinha viveu em Belo Horizonte com a segunda mulher Louise Margarete Martins (Lelete) e a filha deles, a caçula Mariana.[4]

Morte


Gonzaguinha morreu aos 45 anos, em 29 de abril de 1991, ao regressar de uma apresentação no Paraná, vítima de acidente automobilístico em uma rodovia no sudoeste daquele Estado.[5]

LUIZ GONZAGA

Luiz Gonzaga do Nascimento, nasceu numa sexta-feira no dia 13 de dezembro de 1912, numa casa de barro batido na Fazenda Caiçara, povoado do Araripe, a 12 km da área urbana de Exu (extremo oeste do terreiro de Pernambuco, a 610 km do Recife, a 69 km de Crato (Ceará) e a 80 km de Juazeiro do Norte, Ceará). Era o segundo filho de Ana Batista de Jesus Gonzaga do Nascimento, conhecida na região por ‘Mãe Santana’, e oitavo de Januário José dos Santos do Nascimento. O padre José Fernandes de Medeiros o batizou na matriz de Exu em 5 de janeiro de 1920[4] [5] .
Deveria ter o mesmo nome do pai, mas na
madrugada em que nasceu, seu pai foi para o terreiro da casa, viu uma estrela cadente muito luminosa e mudou de ideia. Era também o dia de Santa Luzia e também mês do Natal, o que explica seu nome, "Luiz",que foi dado em homenagem a Santa Luzia, a estrela cadente e ao natal. Este nome tem tudo a ver com a época que nascera, e quer dizer "brilho, luz".
A cidade que nascera fica ao sopé da Serra do Araripe, e inspiraria uma de suas primeiras composições, "Pé de Serra". Seu pai trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão; também consertava o instrumento. Foi com ele que Luiz aprendeu a tocá-lo. Não era adolescente ainda quando passou a se apresentar em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sudeste do Brasil.[3] O gênero musical que o consagrou foi o baião.[2] A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, composta em 1947 em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.
Antes dos dezoito anos, Luiz teve sua primeira paixão: Nazarena, uma moça da região. Foi rejeitado pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, que não o queria para genro, pois ele não tinha instrução, era muito jovem e sem maturidade para assumir um compromisso. Revoltado com o rapaz, ameaçou-o de morte. Mesmo assim Luiz e Nazarena namoraram por meses escondidos e planejavam casar-se. Januário e Ana, pais de Luiz, lhe deram uma surra ao descobrirem que ele se envolveu com a moça sem a permissão da família dela, e ainda mais por Luiz tê-la desonrado: Os dois dizerem isto propositalmente, com intuito de serem obrigados a se casar, pois se amavam demais. Na época, a moça tinha que casar virgem e se houvesse relação antes do matrimônio, o homem era obrigado a casar-se ou morreria. Nazarena revelou ao pai o ocorrido e foi espancada por ele. Por sorte Nazarena não engravidou de Luiz. Coronel Raimundo ficou enfurecido demais e tentou matar Luiz, que o enfrentou na luta. Raimundo revela que, mesmo desonrada, iria arrumar um casamento para a filha com um amigo mais velho que já sabia da situação dela, ou a internaria num convento, mas com Luiz ela não se casaria. Revoltado por não poder casar-se com Nazarena, e por não querer morrer nas mãos do pai dela, Luiz Gonzaga saiu de casa e ingressou no exército no Crato (Ceará). Durante nove anos viajou por vários estados brasileiros, como soldado, sem dar notícias à família. A partir de então passou a se relacionar com diversas mulheres, mas sem compromisso de namoro.

Carreira

Antes de ser o rei do Baião, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista. A partir daí começou a se interessar pela área musical.
Em 1939, deu baixa do exército na cidade do Rio de Janeiro: Estava decidido a se dedicar à música. Na então capital do Brasil, começou por tocar nas áreas de prostituição da cidade. No início da carreira, apenas solava acordeão em choros, sambas, foxtrotes e outros gêneros da época. Seu repertório era composto basicamente de músicas estrangeiras que apresentava, sem sucesso, em programas de calouros. Apresentava-se com o típico figurino do músico profissional: paletó e gravata. Até que, em 1941, no programa de Ary Barroso, foi aplaudido executando Vira e Mexe, com sabor regional, de sua autoria.[6] O sucesso lhe valeu um contrato com a gravadora Victor, pela qual lançou mais de 50 músicas instrumentais. Vira e mexe foi a primeira música que gravou em disco.
Veio depois sua primeira contratação, pela Rádio Nacional. Lá conheceu o acordeonista gaúcho Pedro Raimundo, que usava os trajes típicos da sua região. Daí surgiu a ideia de apresentar-se vestido de vaqueiro, figurino que o consagrou como artista.
Em 11 de abril de 1945, gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: a mazurca Dança Mariquinha em parceria com Saulo Augusto Silveira Oliveira.

Vida e família

Cansado de passar as madrugadas cantando e bebendo em bares e bordéis do Rio de Janeiro, dormindo na casa de amigos, e vivendo aventuras sexuais com mulheres casadas, viúvas, solteiras e prostitutas, Luiz estava procurando formar um lar, ter sua família, uma mulher para ser sua esposa e mãe de seus filhos. Foi quando em 1945 conheceu em uma casa de shows da área central do Rio uma cantora de coro e samba, chamada Odaléia Guedes dos Santos, conhecida por Léia. Logo ele procurou saber de sua vida, e pediu para sair com ela. O caso amoroso, a princípio sem importância, e que toda noite, após bebidas e dança, terminava na cama, foi dando espaço a um sentimento maior, e então Luiz se viu apaixonado, como não se sentia desde quando amou Nazarena. Ele a pediu em namoro, após dois meses saindo juntos, e ela aceitou, mas antes de aceitar, teve que lhe fazer uma revelação: Estava grávida, e o filho não era de Luiz. Logo ele ficara enfurecido, a humilhou, a acusando de traição, mas ela pôde provar pelos seus 5 meses de gestação, embora não aparente devido a sua magreza, que já estava grávida antes de conhecer Luiz. Sabendo que sua namorada seria mãe solteira, e a amando demais, deu uma grande prova de amor: A tirou da pensão em que morava, e alugou uma casa para eles dois morarem, e assumiu a paternidade da criança que ela deu à luz, um menino, a quem Luiz adotou oficialmente como filho, dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior.
Odaléia, que além de cantora de coro era sambista, revelou sua história a Luiz: A poucos meses de se conhecerem, ela morava com os pais e se apaixonou por um homem mais velho. Ele fora seu primeiro namorado, e a família não permitia a relação, por Odaléia ainda ser muito jovem. Mesmo contra a vontade dos pais, a moça se encontrava com o homem num hotel da região sempre que podiam. Ele a convenceu a se entregar para ele pois a prometeu em casamento. Com o tempo, Odaléia descobriu-se grávida com 20 dias de gestação, e ficou desesperada, mas ao saber da gestação, este homem a humilhou, a agrediu e a abandonou, revelando ser casado, e que não poderia arcar com esse compromisso. Arrasada, contou tudo aos pais, e apanhou do pai, tendo sido expulsa de casa com a roupa do corpo. Sem ter para onde ir, foi parar nas ruas, pediu esmolas e teve que se prostituir para conseguir comida. Ao completar três meses de gestação e ainda nessa vida de meretriz, onde foi orientada por todos a abortar a criança, o que ela foi veementemente contra, surgiu uma luz ao fim do túnel, quando, em uma das festas do bordel, subiu ao palco para cantar, pois uma das meninas não pôde se apresentar naquele dia. Sem nunca ter se apresentado antes, deu um grande show, ficando emocionada. No fundo, cantar era seu maior sonho. Ela foi observada por um grupo de sambistas e cantores que frequentavam aquela zona. Logo eles ficaram encantados e viram que o lugar dela não era ali. Rapidamente eles a chamaram para um teste numa rádio,e Odaléia passou. Eles quitaram sua dívida com os cafetões e Odaléia finalmente teve seu talento para cantar e dançar descoberto. Ela alugou um quarto de pensão para morar, e acabou passando a se apresentar em casas de samba no Rio, quando conheceu Luiz.[2] Depois que foi morar com Luiz, a relação entre eles ia bem no começo, com muito romantismo e cumplicidade, mas com o tempo, o casamento começou a se desestabilizar: A relação com Luiz se tornou muito conflituosa, onde Odaléia era muito ciumenta, assim como Luiz, que, cansado das cobranças da esposa, passou a beber muito e a traí-la. Cansada das humilhações constantes sofridas, onde Luiz, ao beber, a agredia e lhe jogava na cara seu passado de mulher da vida, Odaléia saiu de casa com o filho, e assim, o casal acabou separando‐se com menos de 2 anos de convivência, embora Luiz tenha tentado reatar. Luiz a buscou na pensão onde ela voltou a viver, e não aceitava que ela saísse daquela casa, e então, decidiu sair e deixá-la lá com o filho. Léia, então, voltou a trabalhar como dançarina e cantora, e criou o filho sozinha, mas Luiz a ajudava financeiramente e visitava o menino, como um verdadeiro pai.
Em 1946, Luiz voltou pela primeira vez a sua cidade natal, Exu,, e reencontrou seus pais, Januário e Ana, que havia anos não sabiam nada sobre o filho e sofreram muito esse tempo todo. O reencontro com seu pai é narrado em sua composição Respeita Januário, em parceria com Humberto Teixeira. Ele ficou meses vivendo com os pais e irmãos, mas logo voltou ao Rio de Janeiro.

Ao chegar ao Rio, ainda em 1946, conheceu a professora pernambucana Helena Cavalcanti, em um show que fez. Logo ficaram amigos, e com o tempo, começaram a namorar: Luiz viu que ela era uma mulher diferente das outras, se dava muito ao respeito e não permitia intimidades maiores antes do matrimônio, além de nunca ter tido um namorado. Também admirava o fato dela ser formada e independente. Logo ele percebeu que ela era o modelo ideal de esposa: Estava muito apaixonado, e percebeu estar amando-a, mais do que sentiu por qualquer outra mulher. Ele precisava de uma secretária para cuidar de sua agenda de shows e de seu patrimônio financeiro, e antes de a pedir em namoro, quis estreitar mais os laços e tirar a timidez dela, a convidando para ser sua secretária. Helena ficou muito feliz, estava precisando de um salário extra para ajudar os pais, já idosos, com quem ainda morava, e aceitou: Nos dias em que não dava aula para crianças do primário, cuidava das finanças de Luiz em um escritório que ele havia montado.
Eles noivaram em 1947, e casaram-se oficialmente no civil e no religioso em 1948. O casal permaneceu juntos, unidos e felizes até o fim da vida de Luiz. Eles Não tiveram filhos biológicos, pois Helena tentou engravidar de todas as formas e não conseguia, devido diversos transtornos do aparelho reprodutivo, que tinha desde adolescente, o que foi um fator que quase arruinou o casamento: Helena não achava que Luiz merecia uma mulher infértil, e queria se separar para ele poder ter os filhos que quisesse ter, e Luiz estava triste por nunca ter tido filhos biológicos, mas não queria perder a esposa, e então, ele deu a ideia de adotar uma criança. Pelo casal ser legalmente cônjuges, além de terem renda fixa e profissão, o processo foi facilitado. Alguns anos mais tarde, conseguiram adotar uma menina recém nascida, a quem batizaram de Rosa Cavalcanti Gonzaga do Nascimento.[7]